Alejandro González Iñárritu pode levar o Oscar

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Alejandro González Iñárritu pode levar o Oscar

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Diretor Alejandro González Iñárritu pode levar Oscar de melhor direção

Fonte: Correio Braziliense - 25/01/2016

Em meio às discussões sobre diversidade em Hollywood, o mexicano Alejandro González Iñárritu surge como um dos cineastas mais premiados da geração. Vencedor do Oscar de melhor direção por Birdman no ano passado, Iñarritu, que concorre ao prêmio por O regresso, pode ser o primeiro em mais de meio século a conquistar a estatueta por dois anos consecutivos.

Nascido na Cidade do México, em 1963, o diretor começou a carreira como produtor da Televisa, maior rede de televisão mexicana. Entre 1987 e 1989, compôs trilhas sonoras para diversos longas, combinando a paixão por música e cinema. Foi nesse período que conheceu o roteirista Guillermo Arriaga com quem contribuiu em Amores brutos (2000), 21 gramas (2003) e Babel (2006). Iñarritu foi o primeiro diretor mexicano a ganhar os prêmios de melhor diretor em Cannes e no Oscar.

Em O regresso, o cineasta se lançou no mais ambicioso projeto da carreira. Durante as filmagens, feitas exclusivamente com luz natural, o mexicano e a equipe enfrentaram temperaturas extremas e desafios de trabalhar no ambiente selvagem do Canadá e Argentina. A história baseada na vida de Hugo Glass (papel que pode render o primeiro Oscar da carreira do ator Leonardo DiCaprio) chegou às mãos de Inãrritu há sete anos. No primeiro tratamento, as únicas informações eram o título e a batalha com urso que quase mata Glass — a partir dessas informações o diretor escreveu o roteiro do longa.

O épico foi financiado pelo bilionário palestino Arnon Milchan. “Eu gostaria de agradecer ao primeiro herói deste filme, o financiador e produtor que acreditou e não relutou diante das decisões mais difíceis que tivemos que tomar”, disse Inãrritu durante o discurso de agradecimento no Globo de Ouro deste ano.

Uma voz latina à esquerda

O premiado cineasta é conhecido pelo engajamento político, especialmente quanto às leis de imigração americanas. Em O regresso, o mexicano retrata o nascimento dos Estados Unidos, período no qual canadenses, franceses, mexicanos, nativos americanos precisavam se libertar das forças imperiais. Em entrevista ao jornal El país, Iñarritu destacou a influência da origem hispânica na forma em que contou a história de Hugo Glass.

 


“Sinto-me um outsider com minha pele escura. E o clima atual não é favorável aos mexicanos nesse país. Por isso, joguei com as raças, refleti sobre o racismo no meu filme. A pureza da raça, como diz Donald Trump, é uma masturbação doente e inexistente: a natureza é uma orgia de misturas”, afirmou o diretor.


Esta não foi a primeira vez que o candidato à presidência americana foi alvo de críticas do cineasta. Durante a pré-campanha, Trump propôs a construção de um muro para proteger as fronteiras dos Estados Unidos contra os imigrantes ilegais. Iñarritu se uniu a outros artistas de origem hispânica, como as atrizes Salma Hayek e America Ferrera, em um boicote ao magnata.

Inovação

Alejandro González Iñárritu é um dos diretores mais inventivos e habilidosos de Hollywood atualmente. Em parceira com o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, ele criou o universo sombrio e grandioso de O regresso. Mas essa não foi a primeira vez que a dupla impressionou o público e a crítica. Com Birdman, Lubezki e Iñarritu criaram um filme sem cortes e confinado a um pequeno universo (grande parte do longa se passa em um teatro da Broadway) que não se torna tedioso ou incoerente.


Iñarritu é um virtuoso das telas, perfeccionista e exigente, está disposto a fazer qualquer número de tomadas para conseguir a cena perfeita. Todos os projetos do cineasta são construídos a partir de roteiros fortes e imprevisíveis que, mesmo quando produzidos em Hollywood, mantêm traços de cinema independente na disposição de quebrar regras e no cuidado artístico de cada quadro.

» Amores Brutos (2000) — BAFTA de melhor filme estrangeiro; Uma indicação ao Oscar

» 21 Gramas (2003) — Duas indicações ao Oscar 

» Babel (2006) — Oscar de melhor trilha sonora e outras seis indicações

» Biutiful (2010) — Duas indicações ao Oscar

» Birdman (Ou A Inesperada Virtude da Ignorância) (2014) — Vencedor  de quatro Oscar e indicado a outros cinco