Djavan poderia ter sido jogador de futebol

Djavan poderia ter sido jogador de futebol

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Djavan poderia ter sido jogador de futebol

Fonte: Site oficial do cantor - 29/03/2015

Djavan poderia ter sido jogador de futebol. Lá pelos 11, 12 anos, o garoto Djavan Caetano Viana divide seu tempo e sua paixão entre o jogo de bola nas várzeas de Maceió e o equipamento de som quadrifônico da casa de Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola.

Da primeira paixão, despontava como talentoso meio-campo no time do CSA, onde poderia ter feito tranquilamente carreira profissional. Mas é na viagem sonora pela coleção de discos do Dr. Ismar - que para o pequeno alagoano parecia conter toda a música do mundo - que desponta um artista: o compositor, cantor, violonista e arranjador Djavan.

Nascido em 27 de janeiro de 1949, em família pobre, aprende violão sozinho nas deficientes cifras de revistas do jornaleiro. Aos 18, já anima bailes da cidade com o conjunto Luz, Som, Dimensão (LSD). Não demora a ter certeza: precisa compor.

Aos 23, chega ao Rio de Janeiro para tentar a sorte no mercado musical. É crooner de boates famosas - Number One e 706. Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Mello, produtor da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar trilhas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como Dori Caymmi, Toquinho e Vinícius e Paulo e Marcos Sérgio Valle.

Em três anos, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados gêneros.   Com uma delas, "Fato Consumado", tira segundo lugar no Festival Abertura, realizado pela TV Globo em 1975, e chega ao estúdio da Som Livre. De lá sai com seu primeiro disco, das mãos do mítico produtor Aloysio de Oliveira (o mesmo de Carmen Miranda a Tom Jobim).  Seria apenas o primeiro de uma longa discografia, que colocou Djavan definitivamente entre os maiores e mais influentes artistas da música brasileira.

1976 - "A voz, o violão, a música de Djavan"

Um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época. Visto hoje, este trabalho não marca apenas a estreia de Djavan: Torna-o figura incontornável na história da música brasileira.

1978 – “Djavan”

Empolgada com seu novo artista, a EMI-Odeon investe pesado neste segundo disco. Com uma orquestra dos melhores músicos da praça da época, o álbum, marcado pela descoberta das grandes canções de amor e desamor, consagra-o como um compositor completo.

1980 - "Alumbramento"

Djavan lança seu terceiro disco e mostra que,além de completo, dialoga bem com seus pares. Nele, inaugura parcerias com Aldir Blanc, Cacaso e Chico Buarque, agora definitivamente colegas de primeiro time da MPB. A esta altura, talento reconhecido por crítica e público, Djavan vê algumas de suas músicas ganharem outras vozes: Nana Caymmi grava "Dupla traição", Maria Bethânia, “Álibi, Roberto Carlos, “A ilha”, Gal Costa, “Açaí" e “Faltando um pedaço” e Caetano Veloso, retribuindo a homenagem do verbo caetanear, substitui por djavanear em sua versão de "Sina".

1981 – “Seduzir”

O álbum marca o fim do ciclo vitorioso de lançamentos pela EMI-Odeon. Um disco de afirmação, como o próprio Djavan escreveria em seu encarte: "O pouco que aprendi está aqui. Pleno. Dos pés à cabeça".

Heranças de "Seduzir" são a primeira banda própria, Sururu de Capote, composta por Luiz Avellar no piano, Sizão Machado no baixo, Téo Lima como baterista e Zé Nogueira nos sopros. Também as tranças no cabelo, imagem que o caracterizaria vida afora, as primeiras canções a falar da África e o início das turnês pelo Brasil, guiadas pela produtora Monique Gardenberg e o diretor Paulinho Albuquerque. Neste ano, leva o prêmio de melhor compositor pela Associação Paulista dos Críticos de Arte: feito que se repetiria no ano seguinte, 1982.

1982 - "Luz"

Neste ano a música "Flor-de-lis", hit instantâneo do disco inaugural, torna-se o primeiro sucesso de Djavan no disputado mercado americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de "Upside Down". A convite da gravadora CBS (futura Sony Music), Djavan embarca para Los Angeles para gravar sob a produção de Ronnie Foster, um dos principais da soul music americana. O trabalho resulta em uma mescla da musicalidade brasileira típica de se exportar com a influência jazzy americana.

1984- "Lilás"

Ainda em Los Angeles, Djavan grava este segundo disco e daí seguem-se dois anos de viagens em turnê pelo mundo.

1986 - "Meu lado"

Djavan volta a gravar no Brasil. Além do retorno, é também um recomeço e volta ao samba já com estilo musical identificado pelo público, mas também um passeio por baiões, canções e baladas. Este é o Djavan em dez anos de carreira: explorador do som das palavras, das imagens inusitadas, da variedade rítmica, das brincadeiras com andamentos, melodias fora dos padrões e riqueza harmônica. Presente em outras canções, a ancestralidade africana está impressa em "Meu lado", com o "Hino da Juventude Negra da África do Sul".

1987 – “Não é azul, mas é mar”

É com ainda maior vigor que Djavan volta ao tema da ancestralidade africana, na canção "Soweto", sua primeira efetivamente de protesto e que abre o presente álbum.

1989 – “Djavan”

O disco é e deve ser lembrado como “aquele de 'Oceano'”, o clássico. Uma daquelas raras canções perfeitas em forma, conteúdo, música e letra.

1992 – “Coisa de Acender”

Com a fusão de ritmos e harmonias inovadoras, neste disco voltam as parcerias, entre elas, com a filha Flávia Virginia, no vocal em várias faixas.

1994 – “Novena”

Aos 45 anos de vida e 20 de carreira, Djavan lança a obra marca de sua maturidade. Inteiramente composto, produzido e arranjado por ele, o disco consolida o trabalho com sua banda, composta então por Paulo Calazans no teclado, Marcelo Mariano ou Arthur Maia, baixo, Carlos Bala na bateria e Marcelo Martins, sopros.

1996 - "Malásia"

Aqui a banda de Djavan se expande e ganha a participação do naipe de metais: Marçalzinho na percussão, Walmir Gil no trompete e François Lima no trombone. O álbum traz três raras faixas de outros compositores: “Coração leviano”, de Paulinho da Viola, “Sorri”, versão de Braguinha para “Smile”, de Chaplin e “Correnteza”, de Tom Jobim e Luiz Bonfá. No disco, Djavan está reflexivo e melódico.

1998 - "BichoSolto"

Dois anos depois, ouvimos um Djavan festivo e dançante, incendiando pistas ao ritmo do funk. Junto de “Malásia”, este disco comemora seus 20 de carreira: o primeiro com seu estilo pessoal, o segundo, com o rejuvenescimento e atualização do artista. Entre as parcerias, a entrada definitiva do guitarrista Max Viana, seu filho, na banda.

1999 – “Ao Vivo”

A marca de dois milhões de cópias vendidas fica a cargo deste disco duplo, o primeiro gravado fora dos estúdios. O registro traz quase uma antologia de sua obra, com 24 faixas (22 grandes sucessos) e o lançamento leva Djavan a três anos de turnê.

2001 - "Milagreiro”

É uma dupla volta para casa. O primeiro gravado integralmente em seu estúdio caseiro (com a ajuda dos filhos Max e João Viana e Flávia Virginia) e um retorno à casa original, Alagoas, com a onipresente temática nordestina.

2004 – “Vaidade”

O músico comemora independência total, com a criação de sua própria gravadora, a Luanda Records.

2005 – “Na Pista”

Djavan lança seu segundo disco pela Luanda Records, novas gravações de sucessos e canções que ele estima em versões modernas e dançantes, com produção de Liminha.

2007 – “Matizes”

Estes três álbuns são resultado do surgimento do empresário Djavan Caetano Viana. Mas o que será que o empresário Djavan quer do artista Djavan? Que este vá do suingue ao blues, trafegue pelas baladas e por sua personalíssima forma de fazer samba, mantendo sempre sua característica mão direita ao violão, inspirado na vida cotidiana para enriquecer suas letras. E que continue na busca constante por caminhos que renovem sua forma de fazer música.

2010 – “Ária”

O aguardado álbum explicita um desses novos caminhos. É o primeiro a trazer Djavan exclusivamente como interprete de outros compositores. Sempre rigoroso na condução de sua carreira, ele aguardou o auge da maturidade vocal para se debruçar sobre um repertório escolhido entre a sua memória afetiva e suas antenas sempre ligadas para o que é musical e interessante. O resultado é a reinvenção de canções clássicas, a descoberta de tesouros escondidos e o prêmio de melhor álbum de música popular brasileira do Grammy Latino 2001. Ainda como fruto deste trabalho, o DVD “Ária ao Vivo” foi o primeiro Blu Ray lançado deste produto, pela Luanda Records.

2012 – “Rua dos Amores”

Após quatro anos sem deliberadamente compor nada – além do intenso envolvimento com “Ária”- Djavan nos presenteia com este novo disco. Passeando pelos ritmos e sonoridades brasileiras como quem atravessa a rua onde nasceu, cresceu e se criou, o autor assina letras e melodias das 13 novas canções, fez todos os arranjos e é o produtor do CD.

"Rua dos amores" é um disco de canções de amor, ponto. E canções as mais diversas possíveis, na forma e no conteúdo. Ouvi-las é passear por essa diversidade, sem perda de um estilo único jamais. Com os ouvidos e a empolgação daquele garoto de Maceió que um dia largou a bola pela música.

2014 – Assistida no Brasil e no exterior por mais de 400 mil pessoas, a nova turnê de Djavan deu origem ao CD e DVD “Rua dos Amores Ao Vivo”, que marcou a volta do artista à Sony Music em parceria com a sua Luanda Records. Com direção de Hugo Prata, o DVD foi gravado em novembro de 2013, no HBSC Brasil, em São Paulo.